Atualmente ando assim, me escondendo de mim mesmo, pra não correr o risco de, juntos, esbarrarmos com a senhora boemia. É que o meu saldo é muito pouco, fruto da minha perdularidade, nesta passagem apressada, por este capítulo do livro inacabável.
Deixei gorjetas generosas de vitalidade nas calçadas e mesas de botecos e restaurantes. Retribuí gentilezas femininas com doses de amor e carinho, salpicados com pitadas de virilidade e sem-vergonhice, no sentido melhor da expressão.
Paguei ingressos aviltantes em moeda de resistência física, com o fito de assistir, e até ser figurante, ao majestoso espetáculo sem lona, que é a vida.
Colaborei com inúmeras rifas, onde a paga eram mais alguns suspiros de cansaço e o prêmio, ah , o prêmio! Era presenciar alguém agradecido a sorrir ou a bater palmas, que às vezes nem mereci.
Restou de tudo plantada uma semente de alegria e esperança, que brotará se for devidamente regada com prazer. Germinará se me for dada a satisfação de ser lembrado pelos amores e amigos como alguém que viveu para amar. E viveu intensamente !!
Wolney Mororó